segunda-feira, junho 11, 2007

Um pouco além disso...

Tentando mudar meu estado de humor, eu abro meus olhos e vejo para além do que essa medíocre realidade tenta me mostrar, mesmo que ela nada me mostra. O estado depressivo me leva para uma profundidade além da suportável. Isso parece não fazer qualquer sentido agora, mas como quem está afogando, eu busco dentro desse mar algo em que eu possa me agarrar. Não, vocês não podem levar meu estado otimista, meu humor e minha inocência assim. Ninguém pode tirar isso de mim.


Abrem-se os portais de uma outra realidade. Deixe-me entrar com meus pés descalços e sujos de lama, não me importa se este é um lugar sagrado, se está limpo, eu quero entrar e eu vou entrar agora! Ninguém pode me negar isso! Ninguém pode me impedir de correr solta por campos floridos, nem pode me acorrentar e me fazer parar de dançar essa maravilhosa dança do universo, ninguém pode me fazer deitar numa cama de espinhos e brincar com minha sanidade, ainda que tenha razão.


Não, vocês não roubarão os meus sonhos e nem arrancarão de meu peito esse desejo e todas as minhas incertas certezas. Eu estou viva, estou entrando em sintonia com o universo mais uma vez, porque eu sei que as portas se abrem para que eu entre, ainda que não haja ninguém ali para me recepcionar e me dar às boas vindas.


O sol tocou meus olhos hoje e um aceno foi o cerne de um encontro com uma alegria singela de alguém que nada espera. Eu estive dentro desse mar hoje, eu estive sob a luz solar hoje, com sonhos e sorrisos a pintarem quadros belos, alegres e coloridos! E sim, eles ainda estão em minhas paredes. E eu nada quero saber sobre morte agora, eu quero sorrir para o dia, aproveitar o sol, sair para caminhar pelas ruas, porque todo aquele caos lá fora está aberto e propício, tudo o que ele deseja é me abraçar e me lançar em suas ondas gigantescas de possibilidades!


Eu penso em amor, eu penso no “eu amo você” que ouvi, eu penso em sua tristeza e eu sei que essa tristeza também se instalou em mim, eu sinto que as coisas não estão bem em sua casa, eu sei que você se sente acorrentado, que você caminharia por essas ruas sujas pensando em um milhão de coisas das quais você queria alcançar ou se livrar. E eu sei que a noite às vezes é escura demais para você, eu choro por sentir o que você sente e eu abraçaria o mundo, eu carregaria uma estrela gigante e quente em minhas mãos, somente para curar você, para arrancar de seu peito essa dor. Eu só gostaria de dizer que você é capaz de sair dessas águas que tentam te puxar para baixo, que te afoga, que te sufoca, que te desespera. Olhe no espelho, olhe no espelho, meu querido e veja que eu estou ali, bem diante de você, do outro lado. Sangrando, para doar um pouco de vida para você também.


Wake up! Wake up! Wake up!


O universo ainda está funcionando como sempre esteve e o sorriso é arrancado de meus lábios por uma questão de senso, de bom senso, de um incerto senso, de péssimo senso. Nada do que olhamos aqui é real o bastante, nenhuma realidade é real o bastante, nenhum desespero é desesperador o bastante, nenhum sangue é vida o bastante. E eu não me importo, eu não me importo mais com essa dor, porque não deixo com que ela me influencie mais do que isso e nada que eu estou vendo aqui é meu, nada do que eu estou sentindo aqui é meu. Então, wake up! Devo estar inteira para me lançar nesse abismo com você e voarmos. Não estou aqui para despencar! No more!

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