quinta-feira, maio 31, 2007

Um Poema de Saudade...

Perdi uma parte de mim, deixei em minha terra natal, deixei no fundo do quintal,

Voltei mais inteira, ainda que totalmente incompleta, mais feliz, ainda que triste

Deixei não só algo que há em mim, mas também amigos, desejos, abraços, sonhos e amores,

Deixei um pranto, uma rosa, um vento e um grande vaso repleto de doces sabores.


Deixei àquela que encontrei certa vez na infância na esquina da rua de casa,

Deixei um sorriso no vento e uma lágrima ao solo, enquanto caminhava, tristemente partia

E ainda que eu me sentia totalmente cheia, eu estava vazia, ainda que linda, vazia...

E esta garota, simples menina, recordava, chorava, cantava e sorria.


Uma canção sobre nômades tocando intensamente em minha mente, me fazendo pensar no que sou,

E ainda que sem lar e de muitos lares, de nenhum e de todos os amores, este vaso se quebrou,

E aqui eu estou, a escrever sem parar, porque todavia meu coração só pensa em voltar,

Nas lembranças, embora eu não vejo o mar, eu queria! Eu queria! Sob a neblina novamente estar.


Chora coração, quem mandou você desejar ser sempre tão aventureiro? Ser um marinheiro?

Sempre há os momentos de partir, de chorar, de cantar e rir, momentos de se despedir,

Agora estamos novamente partindo, para outro lugar indo, sem rumo, sem quem nos acalente,

Eu disse à você, coração inocente, que da infância você jamais quereria novamente voltar...


Amigos de Infância

Existem feridas e paranóias que somente seus amigos de infância podem curar, como também podem te enfiar tantas outras paranóias novas em sua cabeça. Existem momentos e ensinamentos que somente seus amigos de infância podem te oferecer, como também aquele gostinho de que sempre estarão ali seja para o que for. Existe um modo de viver intenso que somente seus amigos de infância podem te proporcionar e histórias divertidas suas e de outros que somente eles podem contar.

Eu não consegui fazer tudo o que eu queria de fato fazer, deixei tantas coisas incompletas, tantos sentimentos e pensamentos inacabados, foi engraçado como me senti triste por ter de voltar, mesmo eu tendo me alongado bem mais do que eu havia previsto. Eu ficaria lá por mais tempo se não tivesse meus compromissos por aqui. É engraçado como às vezes, por ser um andarilho, você consegue se tornar 'carne nova' no lugar onde nasceu e foi criado.

Meus amigos me deram uma nova forma de ver a vida, de sentir alegrias, de viver sonhos, ainda que da maneira mais simples possível. Eu mais ri que chorei, me senti mais segura que com medo, estive mais em mim mesma do que em qualquer outro momento da minha vida e penso que depois de tantos lutos e tantas perdas importantes, estava mais que na hora de eu curar certas feridas.

Volto nova, talvez não tão diferente, talvez não tão igual, talvez nada de muito importante aconteceu (e de fato não aconteceu), mas ainda sinto os afagos e carinhos dos meus amigos, os abraços bem-dados, abraços de urso, posso ver novamente a roda se formando e os reais saindo de bolso em bolso somente para comprarmos um pouco mais de bebida.

Rodas que contavam histórias de terror que nos faziam rolar de tanto rir, olhares maliciosos de homens que praticamente vi nascer, o assombro nos olhos de todos por vermos com tanta clareza que nós crescemos. Tantas pessoas juntas com personalidades tão distintas, porém ainda alegres por estarmos todos juntos. Acho que nunca havia visto tudo isso dessa forma. Será que também existe uma maturidade que precisamos alcançar para enxergarmos nossos amigos de infância com outros olhos?

I'm be back... Maybe!